A independência e autoconfiança do empreendedor é uma força interna que promove ações de enfrentamento. Normas e controles são questionados por empreendedores pois eles vêem nestas limitações obstáculos que precisam ser vencidos. Vamos passar para a prática que sempre fica mais fácil de explicar como funciona.

Estamos falando do primeiro comportamento da competência de Independência e Autoconfiança: Busca autonomia em relação a normas e controles dos outros. 

A situação real que vou usar para este comportamento é o aeroporto de Brasília por volta de 8 horas de uma manhã de segunda-feira. Início da semana na capital federal. De todos os cantos do país chegam passageiros. Inúmeros voos pousam e mais da metade dos passageiros faz uso do serviço de táxi. O setor de embarque nos táxis é bem organizado e sinalizado mas a operação é lenta e embarcar muitas pessoas ao mesmo tempo acarreta em filas intermináveis. Em uma situação normal eu estaria buscando o final da fila e me sujeitando àquela espera. O motivador desta situação era a reunião que eu deveria participar. A equipe de projeto era composta por 4 pessoas e as outras três já tinham começado o trabalho juntos. Cada minuto que eu demorasse para chegar ao Sebrae me seria muito “caro”. Depois de tomadas as decisões é difícil fazer mudanças, ainda mais se você não estava presente quando a decisão foi tomada. 

Eu evito despachar bagagens neste tipo de voo para fazer com que o desembarque seja rápido e a chegada ao Sebrae também. Nesta segunda-feira saí do portão de desembarque e a fila do táxi atravessava o saguão. Com certeza havia algo distinto naquele dia pois era muito longa a fila. Meu gesto imediato foi de buscar alguma alternativa. Lembrei da equipe de projeto e do horário que foi combinado para começar os trabalhos. Lembrei de todos os aspectos que eu queria defender no processo de avaliação que estávamos formatando. Não me parecia razoável perder tempo com a fila do táxi e então, deste julgamento, nasce a impulsão para quebrar regras. Subi as escadas rolantes que levam para o setor de embarque que estava bastante tranquilo, com pouco movimento.

Meu raciocínio era simples, os táxis deixam passageiros no aeroporto e depois descem para a fila de embarque de novos passageiros. Eu pensei em desviar um deles e fazer um “atalho” (aqui a quebra de regras). Este ato de “desviar” significa que eu entrei em um táxi que tinha acabado de deixar um passageiro no setor de embarque. Eu apenas entrei no carro e informei para onde eu desejava ir. Pensando novamente na situação posso concordar que o motorista tinha poucas chances de me negar. Eu não criei condições para que ele pudesse analisar e se posicionar quanto ao início da viagem.

Este comportamento tem todas as características da busca de autonomia com relação às normas. Soube depois que existem câmeras que informam ao sindicato qual o comportamento dos motoristas de táxi no aeroporto e ele poderia ser advertido e multado por ter me embarcado no setor restrito para desembarque. Afinal as normas servem para disciplinar o fluxo de trabalho destes profissionais. 

Ou seja, quebrar regras não é simples nem fácil de defender. A motivação é que vai dizer qual a dose você vai precisar usar. Quantas regras você vai quebrar para atingir seu objetivo!!!

O objetivo foi atingido. Cheguei na reunião a tempo para discutir as decisões a serem tomadas. Quanto ao motorista ele não foi advertido. Toda a operação do Táxis estava voltada para dar vazão à enorme fila que havia se formado e pouco se observou sobre as atividades na plataforma de desembarque dos táxis.