Salve salve empreendedoras e empreendedores.
Há muito tempo, eu e alguns amigos nos pegamos em uma conversa sobre o que fazíamos quando procrastinamos (sim, esse mal que acomete 105% das pessoas). Muitos tinham rotinas de procrastinação solidificadas, que já haviam se tornado forte razão para dor de cabeça, mas três casos naquela conversa me saltaram à memória.
Leonardo tinha o costume de procrastinar os estudos tocando violão. Quando se sentia travado, pegava a cifra de alguma música que estivesse escutando e a tirava até o final, o que algumas vezes podia levar até uma hora. Incrivelmente, o foco que lhe faltava para uma tarefa que considerava enfadonha vinha de forma muito natural quando estava fazendo aquilo que gostava.
Juliana, por sua vez, costumava arrumar a casa. Como estava no final do mestrado, muitas vezes tinha que passar horas a fio estudando para escrever um único parágrafo da sua dissertação. Ela dizia que naquele mar de textos intermináveis, uma tarefa boba com começo, meio e fim, como arrumar o quarto, lhe dava o conforto de ter concluído algo. Além disso, sentia que conseguia se dedicar melhor quando a casa estava organizada.
André tinha um costume totalmente oposto. Como não gostava de arrumar a casa, muitas vezes usava o trabalho como desculpa para não ter que encarar a pia com louça suja de dois dias e a visita da namorada. Tarefas que só seriam feitas dali 5 dias muitas vezes acabavam no mesmo dia que tinham sido requisitadas, sua caixa de e-mails era impecável. Tudo em nome de não encarar aquela pia.
Eu mesmo não caio muito longe. Uso o que nós chamamos anedoticamente de procrastinação auto-organizada: eu limpo a casa quando me sinto trancado no trabalho, eu trabalho quando me sinto trancado na tese, eu estudo quando estou evitando ter que limpar a casa. Quando preciso realmente me focar, costumo usar a Técnica Pomodoro (em breve vou escrever um post sobre ela).
Se você estiver precisando de foco, tente estabelecer intervalos curtos, porém focados.
Papo vai, papo vem, entramos no assunto da motivação. Leonardo tem uma banda, e geralmente é o nosso tocador de violão oficial dos encontros da turma. Juliana ama receber visitas, e a sua casa sempre está pronta para nos receber. André nunca atrasou nenhum trabalho.
O que eles estavam fazendo enquanto procrastinavam era exercitar seus gostos, seus sonhos. Já se passaram uns 5 anos desde aquela conversa de bar, e hoje em dia o Leonardo está sempre viajando com a banda para tocar em diversos bares, casamentos e festas por Santa Catarina e até além. Juliana terminou sua dissertação e atualmente está concluindo o doutorado no exterior (diz ela que perdendo os cabelos, mas a casa está impecável). André depois de receber sua segunda promoção foi convidado a ser chefe de desenvolvimento em uma empresa que abriu recentemente, por indicação dos seus próprios chefes.
Saber usar seu tempo de procrastinação de forma criativa e produtiva é uma boa forma de exercitar os comportamentos de agir diante de obstáculos significativos e buscar autonomia sobre processos e controles. Ah! E lembre-se que uma coisa é procrastinar uma tarefa com outra durante o seu horário de atividade, seja ele de trabalho ou de estudo.
É sempre importante reservar momentos de ócio, e algumas vezes quando temos mais prazo, não há problema de trocar o horário de trabalho pelo de lazer e vice-versa.
Só não atrase as tarefas e não esqueça de tirar um tempo para si!