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Empreendedor de Propósito

Conheça o nosso curso
O bom, o mau, e o feito
Olá de novo! Naiser no teclado.

Essa semana, eu quero falar um pouco sobre um fenômeno que eu sempre achei muito curioso: como um produto pode ser três ao mesmo tempo, três estados justapostos que carinhosamente chamo de o bom, o mau, e o feito.

Durante alguns anos, eu tive um negócio de sublimação. Para quem não está familiarizado, a sublimação é um processo de transferência de tinta sob altas temperaturas: você imprime em um papel especial com uma tinta que passa do estado sólido (a tinta no papel em si) para o estado gasoso, e essa tinta é absorvida por uma superfície preparada para receber essa tinta, que se ressolidifica. O processo é feito a altas temperaturas (acima de 180°C) e o tempo de sublimação varia muito entre produtos, e inclusive entre produtos semelhantes. No meu caso, eu fazia canecas e camisas sublimadas.

Houve um caso que foi muito interessante, e um exemplo prático de como um produto pode ser visto de formas diferentes por pessoas diferentes. Entre as encomendas que eu tinha, eu gostava de incluir alguns testes pessoais, com desenhos diversos. Geralmente eram produtos que eu fazia para mim, para dar de presente ou por puro teste.

Em um dado momento, fiz canecas jateadas. São canecas transparentes que passam pelo mesmo processo do vidro jateado, que dá aquela impressão de vidro fosco muito bonita. No caso em questão, eu quis imprimir uma arte feita a partir de uma pintura que eu gostava muito. Entretanto, contudo, todavia, ao trabalhar com um produto novo, a gente precisa pegar as manhas aos poucos. Minha primeira impressão naquele tipo de caneca havia fica aquém do que eu esperava, e considerei que a qualidade do produto era ruim.

Um dia, ao receber uma amiga em casa, ela notou a caneca e gostou muito da arte. Lhe disse que podia ficar com a caneca de graça, afinal de contas, não tinha a intenção de vendê-la. Imaginem qual foi a minha surpresa ao ver que ela havia usado a caneca com uma vela dentro! O resultado foi muito bonito realmente, algo que eu não certamente não esperava.

Aqui vemos como esse um produto era ao mesmo três: eu considerava que a produção era ruim; minha amiga se encantou e achou que era uma caneca boa; mas o que valeu mesmo, foi o uso dado para ela. O que ela era, no fim das contas, era um produto estético, uma arte que precisava ser vista da forma correta. Eu acabei fazendo mais algumas canecas dessas por encomenda. Com mais qualidade, porque pela experiência consegui chegar no resultado que eu queria, mas com uma finalidade diferente daquela que eu tinha em mente no começo.

A mensagem final é a seguinte: nem sempre julgue o que você faz somente pelos seus valores. Algumas vezes, um produto ruim aos seus olhos é ruim porque você tem expectativas definidas para aquilo. Uma pessoa com um olhar diferente pode lhe abrir todo um campo novo de possibilidades, e algumas vezes o mesmo produto que você fazia serve a toda uma outra clientela que não teria interesse no produto inicial.

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Vá testando sempre! É na combinação do inesperado que surgem novos produtos, e que você aprimora suas próprias habilidades.

Sempre que você fizer algo, está fazendo um produto que carrega três características: aquelas que você pode não ter gostado, e que são alavanca para que você busque sempre fazer melhor; as que você se esperava e pelas quais se orgulha de fazer o que fez; e o produto em si, que além disso, também tem significado para quem compra.