A psicologia estuda os processos internos do indivíduo, sua formação de personalidade, os desvios que podem acontecer em termos de comportamento, as condições favoráveis para se desenvolver com saúde um ser humano. Assim sendo seria lógico imaginar que o objeto de estudo da psicologia ao abordar o empreendedorismo seria o sujeito da ação empreendedora, o indivíduo. Tendo diferentes linhas de abordagem de estudo a personalidade foi a primeira dimensão a ser abordada, com poucos resultados práticos em termos de interação com processos educacionais. Como indica Morales (2009) a personalidade empreendedora, perseguida por anos por diversos estudiosos, não forneceu resultados eficazes para incrementar a quantidade e a qualidade de ações empreendedoras.
Outra abordagem foi a de história de vida, pesquisando quais as condições históricas que fazem surgir indivíduos que fazem negócios, que alimentam uma espiral de crescimento que faz crescer a economia de um país. Buscou-se assim identificar quais as semelhanças de histórias de vida faziam surgir empreendedores de sucesso. Havia por certo inúmeras semelhanças, mas ainda assim havia empreendedores que surgiam de outros históricos, de outras razões e isso fez abrir mais uma dimensão na pesquisa psicológica do indivíduo empreendedor, os motivos.
As bases motivacionais, também estudadas sobre a ótica de empreendedores, revelaram novos dados para o crescimento da área do empreendedorismo. As necessidades do indivíduo e as formas como ele age para satisfazer estas necessidades, permitiram revelar diferentes dimensões de abordagem do estudo com indivíduo empreendedor, mas ainda sem condições de se alimentar um processo de formação. As bases motivacionais de cada indivíduo não são facilmente acessadas nem alteradas de forma a estimular ações empreendedoras mesmo porque elas podem acontecer independentes das razoes porque aconteceram. Mesmo que a necessidade de um indivíduo seja de ser admirado e de ter inúmeras pessoas dependendo dele, ele vai criar impérios para se sentir suficientemente invejado e poderoso, e nem por isso um processo educacional poderá estimular estas necessidades para que sejam criados novos empregos.
A abordagem psicológica do comportamento optou por estudar aspectos observáveis da ação de empreendedores e comparar com os demais e identificar desta forma aspectos concretos que permitam mensurar as diferenças. Como agem empreendedores de sucesso? Quais as formas de operação destes indivíduos que podem ser identificadas e estimuladas naqueles que querem se tornar empreendedores de resultados?
Ao se observar as diferentes formas de abordar o assunto, conforme a área de estudo, se percebe que o conceito está sujeito a mudanças na medida em que se muda o olhar. Por isso para iniciar uma abordagem da essência empreendedora será preciso alinhar o conceito de modo a buscar os pontos comuns das diferentes abordagens, priorizando, e esta é uma opção pessoal, o indivíduo e sua formação.
Foto de Alex Green no Pexels.
Definir empreendedorismo – ok, mas para que?
Se vamos falar do processo de construção de uma segunda natureza de comportamentos empreendedores é preciso saber de qual ótica de empreender se pretende falar. Mas o básico é saber qual o conceito raiz do termo, que se mantém em todas as formas em que a palavra é aplicada.
Sendo uma palavra cunhada a pouco tempo (já que não se saberia dizer ao certo quais as nomenclaturas que empreiteiros da época do antigo Egito, ou para criadores de camelos, que mantinham uma atividade economicamente produtiva numa época em que a escrita não estava difundida e disseminada), preciso começar mergulhando mais fundo em seu significado, sua raiz, a história de sua construção, enquanto palavra, que define um conceito. O que é empreender e as suas derivadas, Empreendedorismo, Empreendimento, Empreendedor(a).
Para estarmos de acordo sobre o que estamos falando é preciso estas definições iniciais e numa tarde de chuva com a ajuda de motores de pesquisa da internet você pode encontrar mais de 1.600.000 ocorrências com definições, o que elas têm em comum? Empreender, uma ação, não resta nenhuma dúvida, todas as definições levam a isso, por razões diferentes e com objetivos diferentes todo ato empreendedor é uma ação por natureza. Uma ação com agentes e resultados, dois acessórios que circundam a ação. Ela só acontece pela mão de agentes da ação, sujeitos, neste caso, empreendedores, tendo como objetivo algum resultado, por certo se considera lógico que ações levem a resultados. Ações levam a resultados, positivos, negativos, variados e diferentes conforme a ótica do avaliador, os resultados são a consequência da ação.